sexta-feira, 6 de outubro de 2023

Eficiência energética e seus custos benefícios.

Eficiência 

Eficiência energética (EE) é um dos pilares do desenvolvimento sustentável e tem como objetivo obter o mesmo conforto ou trabalho realizado com menos energia, ou seja, reduzir o consumo sem afetar a qualidade de vida das pessoas”, sintetiza Bruno Herbert, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Serviços de Conservação de Energia (Abesco). De acordo com a entidade, existem diferentes caminhos para avançar em relação ao tema: promover a modernização de equipamentos e materiais que compõem um sistema energético; melhorar ou aperfeiçoar um processo produtivo; ou, então, optar por conduzir as duas ações citadas de forma conjunta. Bruno ressalta que Eficiência Energética traz vários benefícios. Um deles, bastante citado, é o fato de ela reduzir o consumo de combustíveis fósseis e, consequentemente, as emissões de gases de efeito estufa, auxiliando a mitigar as mudanças climáticas. Porém, as vantagens extrapolam aspectos ambientais. “EE ajuda na redução dos custos com a energia e melhora o caixa nas companhias nos curto, médio e longo prazos. Também pode ter um impacto positivo na economia, com criação de empregos e aumento na competitividade das empresas”, detalha o presidente da Abesco. Em relação aos impactos sociais, Bruno descreve que a Eficiência Energética interfere positivamente na qualidade de vida das pessoas e na redução nos custos com energia para as famílias, permitindo que a economia obtida seja investida em outros objetivos.

Roberto Barbieri, da área de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) também é enfático na defesa da Eficiência Energética. “EE vale a pena, econômica e ambientalmente, em todos os casos, seja no que se refere à energia elétrica ou ao uso de gás, combustíveis líquidos, etc.”, avalia. Barbieri cita que a redução de desperdício de energia é uma medida muito mais barata do que o investimento em uma nova fonte geradora. Ademais, menciona que a adoção de novas tecnologias, energeticamente mais econômicas e eficientes, faz com que as empresas possam ser cada vez mais competitivas, permitindo a elas agregarem qualidade aos seus processos e produtos, além de outros ganhos como a criação de vagas de trabalho e aportes em Pesquisa & Desenvolvimento.

Abinee, lembra Geraldo Takeo Nawa, assessor de Normalização e Avaliação da Conformidade da entidade, atua em relação ao tema da Eficiência Energética há décadas, sendo um marco nesse sentido a assinatura de protocolo, em 1984, com o então Ministério da Indústria e Comércio, para o desenvolvimento de uma iniciativa com vistas à conservação de energia. Ela segue ativa até hoje, como Programa Brasileiro de Etiquetagem. Desde então, houve conquistas importantes. “Fizemos um ensaio que nos revelou que produtos elétricos e eletrônicos antigos gastam 200% mais energia do que os atuais”, conta. Geraldo coloca em evidência, também, outro estudo desenvolvido pela Abinee que demostrou a viabilidade econômica da troca de motores elétricos antigos por novos, com retorno do investimento em poucos anos. Isso é importante em razão de esses equipamentos consumirem a maior parte da energia utilizada nos processos industriais. O engajamento da Abinee com a promoção da Eficiência Energética se traduz, ainda, na constante atenção às oportunidades existentes para avanços em EE com reflexos relevantes no cenário nacional. No momento um dos focos da entidade são os refrigeradores utilizados em estabelecimentos comerciais, tema sobre o qual estão sendo elaboradas recomendações e normas.

Apesar de a importância da EE ser ponto pacífico, existem obstáculos a serem superados para que ela avance. Um deles, segundo Roberto Barbieri, da Abinee, é justamente ampliar a conscientização sobre as vantagens e retornos de, por exemplo, promover a mencionada troca de motores elétricos antigos por outros com melhor desempenho. Bruno Herbert, presidente da Abesco, por sua vez, lembra que os desafios aumentaram em razão da redução, definida pelo governo federal anterior, das verbas destinadas ao Programa de Eficiência Energética (PEE) da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). “É necessário o país ter uma política clara para o desenvolvimento de EE e para a utilização da mesma, seja nas residências, seja nos comércios e indústrias. Não podemos conviver mais com desperdício e agressão ao meio ambiente sem necessidade. A solução não pode passar sempre pela geração de energia quando temos a oportunidade de simplesmente usá-la em menor quantidade e de forma racional”, pondera o dirigente da Abesco.


As muitas vantagens

A Agência Internacional de Energia (IEA) elencou Múltiplos benefícios da Eficiência Energética, em um relatório homônimo. Segundo a entidade, a EE pode:

reforçar a segurança energética regional ou nacional, com menor dependência de importação de petróleo, gás e carvão, ou, ainda, reduzir a exposição a riscos de interrupção de abastecimento; promover uma queda no preço da energia e da necessidade de adicionar nova geração ou capacidade de transmissão; melhorar o acesso à energia globalmente, especialmente em economias emergentes; proporcionar maior renda disponível às famílias com decréscimos nas contas de energia; aumentar a valorização de ativos para proprietários, empresas e serviços públicos; reduzir a poluição do ar, um dos maiores riscos para a saúde humana; reduzir as emissões de Gases do Efeito Estufa, tanto as diretas quanto as indiretas; proporcionar ganhos de produtividade e menores custos de manutenção, além de melhorias na operação e na confiabilidade dos processos; trazer benefícios financeiros aos orçamentos públicos, tanto por meio do aumento das receitas quanto via redução de despesas; Impulsionar a atividade econômica e, muitas vezes, motivar aumento do emprego.


 

Brasil se destaca pelo uso de fontes renováveis

País é favorecido por ter recursos como biomassa, água, vento e sol em abundância


Empresa de Pesquisa Energética, (EPE), vinculada ao governo federal, num trabalho em cooperação com a Agência Internacional de Energia (IEA), lançou no último mês de abril a nova edição do Atlas de Eficiência Energética do país. O documento monitora o progresso em relação ao tema por intermédio da análise de indicadores (no caso, foram analisados dados até o ano de 2021) e reforça o fato de o Brasil ter como característica um alto percentual de fontes renováveis na sua matriz energética, especialmente se comparado ao restante do mundo. Nos últimos 20 anos, essa participação permaneceu acima de 40% mesmo em momentos de crises hídricas e, desde, 2015 registra uma trajetória de crescimento, decorrente da maior oferta de derivados de cana, biodiesel e energia eólica, tendo chegado a 45% em 2021. Para se ter uma ideia, a média mundial de participação de fontes renováveis nas Oferta Interna de Energia é de apenas 14%.

Ainda de acordo com o Atlas, o ODEX, indicador que apura o progresso de Eficiência Energética, melhorou no Brasil desde 2005, ano adotado como base para o acompanhamento em razão da disponibilidade de dados. Desde então, e até 2021, a EE melhorou, de forma geral, 12% no Brasil. Considerando-se setores separadamente, a eficiência na indústria melhorou 5% no período, enquanto nos transportes e nas residências os ganhos foram maiores, de 18%.


ELETRICIDADE


Se a matriz energética brasileira já se destaca pela participação das fontes renováveis, a elétrica também é pujante nesse sentido. A geração do insumo, no país, ocorre prioritariamente por intermédio de usinas hidrelétricas, mas PANORAMA existem oportunidades – e crescem os investimentos – em alternativas como as eólica e solar. Segundo Laura Porto, diretora-executiva da Neoenergia, companhia protagonista na transição energética para uma economia neutra em carbono, com atuação em 18 estados e no Distrito Federal, o Brasil é favorecido por ter recursos como biomassa, água, vento e sol em abundância, que variam sazonal e espacialmente e se complementam. “Diversidade é um dos princípios básicos da Sustentabilidade”, lembra a executiva. Para Laura, o aproveitamento do potencial de geração de energia por fontes renováveis passa por haver um ambiente favorável à ampliação da pluralidade, o que favorece a conformação de uma matriz eficiente, de forma justa, inclusiva e ambiental e socialmente responsável. “Seguimos com os compromissos de investir na descarbonização e na expansão de novas tecnologias e de promover o desenvolvimento social nas regiões onde atuamos”, descreve ela. Com uma estratégia voltada para ampliar a geração de energia por fontes limpas, a Neoenergia encerrou o primeiro trimestre de 2023 com 42 parques eólicos em operação, com capacidade instalada de 1.389 MW, e parques solares com 149,2 MWp e 228 mil painéis. Atualmente, a empresa possui 5,1 GW de capacidade instalada em geração, sendo 90% de energia renovável, e está em fase final de implantação de mais um complexo de geração eólica. “Acreditamos que devemos continuar investindo na adoção de novas tecnologias de geração, preservando e incentivando a diversidade na matriz energética, bem como em outras áreas de negócio do segmento. Da mesma forma, há novas oportunidades de negócios como os projetos híbridos, a geração eólica offshore e a produção de hidrogênio verde, por exemplo”, detalha Laura. De acordo com a executiva, a empresa considera que a produção nos futuros parques offshore é mais uma tecnologia renovável, confiável e limpa disponível no futuro. “Uma tendência da demanda de energia é se concentrar cada vez mais no mercado livre, sendo impulsionada, inclusive, pela indústria do hidrogênio verde. E a proximidade da eólica offshore dos centros de carga lhe oferece grande vantagem competitiva”, explica.



 Espírito Santo pode ser referência mundial em segurança e eficiência energética.

O Observatório da Federação das Indústrias do Espírito Santo (FINDES) divulgou um planejamento estratégico para que o Espírito Santo aproveite melhor seus recursos energéticos, principalmente os renováveis, e se torne referência mundial em segurança e eficiência energética até 2035.

A “Rota Estratégica para o Futuro da Indústria do ES: Energia 2035”, lançada pelo Findes, é um planejamento com 275 ações que devem ser executadas para diversificar a matriz de geração de energia.

Em 2020, cerca de 25% da energia produzida no Estado veio de fontes renováveis, o que está abaixo da média nacional que é de 48%, porém acima da média mundial de 19%. “A expectativa é de que a produção de energia limpa no Estado avance nos próximos anos por meio de fontes como a solar, biomassa e eólica”, apontou a presidente da Findes, Cris Samorini.

“Nesse cenário, o gás natural é um insumo importantíssimo para a indústria. As empresas querem reduzir a dependência de outras fontes que emitem mais poluentes para atmosfera. Mas, para que isso aconteça, é fundamental ter infraestrutura, regulação e preço que viabilizem a utilização do gás natural. Além disso, podemos ter a produção do hidrogênio sustentável (azul) a partir do gás natural”, explicou.

Investimentos

De acordo com a Bússola do Investimento, feita pelo Observatório da Indústria da Findes, até 2028, mais de R$ 36,4 bilhões serão investidos no Estado em 289 projeto. Oito a cada dez deles são da indústria.

Estão previstos R$ 12,9 bilhões em 26 projetos do setor de energia, sendo dois em fontes renováveis (R$ 228 milhões previstos), 13 em infraestrutura energética (R$ 3,9 bilhões previstos); e 11 na área de petróleo e gás (R$ 8,7 bilhões previsto).

Produção energética.

 O setor de energia no Espírito Santo tem mais de 1,1 mil estabelecimentos e emprega formalmente 17,5 mil pessoas. Em 2020, o Espírito Santo produziu 19 vezes mais energia que consumiu.

Mesmo produzindo bem mais do que consome, os 16.720 mil tep (toneladas equivalentes de petróleo) correspondem apenas a 4,9% de toda a energia produzida no Brasil.

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